quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O que está por trás de Erdoğan?

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O papel de Erdoğan é algo extremamente simples no tocante aos estudantes do oriente médio, mas um enigma para aqueles que são paladinos do conhecimento válido (Eurocêntricos), não é difícil ver pessoas “importantes” dando “pitaco” no tema e de forma insípida analisam à luz de seus grandes teóricos indiscutivelmente eurocêntricos. A Europa vem a tempos rejeitando uma possível entrada do país na União Europeia por questões culturais como citado por  Samuel Huntington"Since the European nations continue to believe that turkish people are not culturally european, they won't let Turkey enter the EU".
 Erdoğan é presidente da Turquia desde 28 de agosto de 2014

Leia: Do Império Otomano à República da Turquia

Logo após a criação da república (1923) começou uma era chamada de Kemalismo que de forma resumida seria uma mudança avassaladora que ocorreu no país rumo ao positivismo francês, jogando na lata do lixo todo o legado do antigo império e suas raízes religiosas. A nova paisagem político cultural turca animou o ocidente, em especial a Europa que começava a olhar a turquia como um potencial parceiro econômico. Os turcos logo se viraram para o ocidente e rejeitaram a sua natural liderança no “oriente médio”.

O modelo Kemalista terá grande sucesso econômico comparado com as duas potências da região:


O problema começa quando a história e os costumes são roubados de um povo, vários artigos relatam que a mando de kemalistas inúmeras fontes históricas foram alteradas, além da aproximação do idioma local com os idiomas latinos da Europa. Toda essa aproximação com os países europeus fez uma gigantesca confusão na cabeça dos turcos.

A final, quem (ou o que) são os Turcos? 
  1. País liberal e forte aliado da Europa? vendendo a alma ao diabo para entrar na UE?
  2. País historicamente líder sunita onde nossos maiores aliados são os antigos irmãos de Império Otomano(Osmanlı imparatorluğu)?
Erdoğan representa a quebra do paradigma kemalista, aos poucos a turquia vai se transformando em uma potência no oriente médio como fora na época de império, a aproximação do partido criado por Erdoğan é um referência clara que o Islã tem presença forte no governo, mas nem sempre foi assim.

O Partido da Justiça e Desenvolvimento (Adalet ve Kalkınma Partisi), o partido criado pelo presidente no início era fortemente ligado à Europa, seguia aquilo que hoje está se espalhando no Brasil; Liberal na economia e conservador nos costumes, mas a visão do partido sobre a Europa foi mudando à partir da total falta de sintonia entres os países da união europeia no caso dos refugiados sírios, a Turquia se sente abandonada por ser obrigada a abrir suas fronteiras por seguir algumas leis pré Europa e os países do bloco nada fazem de fato a não ser esconder-se.

UNHCR Turkey - Key Facts and Figures - October 2018 
Leia: PKK, Estado Unidos e o processo de Astana

Ao assinar o processo de Astana com o objetivo de tentar dar uma resposta à crise dos refugiados, em termos práticos, aliou-se a dois "inimigos dos EUA", Rússia e Irã, que nos faz lembrar do chamado "Neo-Otomantismo", onde a turquia muda seu posicionamento de coadjuvante na Europa para tornar-se um gigante no oriente médio, essa prática demonstra que Erdoğan segue em busca de liderar o oriente médio, onde a turquia começa a ter de volta um sentimento realista: a Turquia não é europeia, mas uma potência sunita com poderes de influência até mesmo sobre Israel, onde é exaustivamente estudada por grandes nomes das mais diversas universidades e professores altamente renomados.

A recente e patética guerra comercial de Trump fez que ficasse claro de modo prático que volta a ressurgir o "ser turco", não só pelas medidas corajosas do presidente no tocante ao boicote ao dólar ou o fechamento de bancos estrangeiros, mas quando o povo começa por conta própria boicotar os produtos dos EUA, povos de aliados sunitas como a República Islâmica do Paquistão começaram a comprar  Lira Turca para ajudar na taxa de câmbio.

O aumento no número de alistamento militar também é um forte reflexo de um povo que está se redescobrindo, tendo em vista que os antigos aliados estão apoiando terroristas que há 31 anos vêm criando o terror no país, os mesmos que arrastam a guerra da síria para o inacabável, além da inquestionável pesquisa de adesão turca à Europa que vem caindo de modo considerável; em 2004 cerca de 71% dos turcos queriam entrar no bloco, hoje é menos de 50%. O próprio presidente já falou que a Turquia não precisa mais entrar na União Européia, a União Europeia depende mais da Turquia que contrário, principalmente depois da crise do Brexit.

respondendo a pergunta, O que está por trás de Erdoğan?

Um líder que não tem "vergonha" da descendência histórica do país e sabe do poder e responsabilidade da Turquia no Oriente médio, diferente daqueles que por décadas lideraram o país com um viés eurocêntricos, fraudando a história e tendo vergonha do império otomano e sua liderança religiosa. Sem cair de joelho para o positivismo francês ou vender a alma para seja lá quem quer que seja por um assento na União Europeia.

Referências:

Minareci, Semih, Search for Identity: Turkey's Identity Crisis (April 30, 2008). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=1297378 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.1297378

Turkey doesn’t need EU anymore, but won’t quit talks: President Erdoğan: hurriyetdailynews

Um comentário:

  1. Erdogan não passa de um maluco querendo ser shake, você escreve como se a democracia fosse ruim... além disso, nem mesmo líder sunita é.

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