(Com os) problemas do desenvolvimento e do subdesenvolvimento econômico e social encontram-se numerosas teses e afirmações equivocadas, erradas e ambíguas. Apesar disso, muitas delas são frequentemente aceitas e constituem parte do conjunto de conceitos manejados por nossos intelectuais, políticos, estudantes e não poucos pesquisadores e professores.
Primeira tese: Os países latino-americanos são sociedades duais
O autor discutirá a divisão entre duas possíveis sociedades: a
retrógrada, onde é estática, familiar e “pouco capitalista” e
a moderna, onde está sempre mudando rumo à maior eficiência e
riqueza. É importante prestar muita atenção nesta colocação,
pois era será a base para o colonialismo interno.
Esta tese afirma que nos países latino-americanos há de fato duas sociedades diferentes e até certo ponto independentes, mesmo que necessariamente conectadas: uma sociedade arcaica, tradicional, agrária, estagnada ou retrógrada e uma sociedade moderna, urbanizada, industrializada, dinâmica, progressista e em desenvolvimento.
Como podem ser tão diferentes? Ambas “sociedades” tiveram o
mesmo histórico de luta pela independência, fim da escravidão,
corrupção e etc… como houve essa distinção tão drástica entre
as regiões? O autor dirá que a mesma sociedade retrógrada,
atrasada e etc, é onde está a mão de obra barata, onde estão os
alimentos, ou seja, é parte fundamental para esse “progresso
continuo e mudança de pensamento”.
Essas diferenças não justificam o emprego do conceito de “sociedade dualista”, por duas razões principais: primeiro, porque os dois polos são o resultado de um único processo histórico, e segundo, porque as relações mútuas que conservam entre si as regiões e os grupos “arcaicos” ou “feudais” e os “modernos” ou “capitalistas” representam o funcionamento de uma só sociedade global da qual ambos polos são partes integrantes.(…)As regiões subdesenvolvidas de nossos países fazem às vezes de colônias internas e, por isso, em vez de apresentar a situação dos países de América Latina em termos de “sociedade dualista” mais apropriado seria enfocá-la em termos de colonialismo interno.
Número do boletim regional do Bacen abril/2018 |
Como exemplo, temos a atual crise brasileira, o PIB do Brasil chegou a -3% e as área "Metropolitanas" (Sul/Sudeste) perderam poder de investimento e industrial. Segundo o Banco central do Brasil; em abril/2018 a região norte cresceu (e muito) quando se fala em indústria e com graves déficits na extração de commodities, ou seja; ficou claro que a estrutura da economia brasileira é uma estrutura colônia x metrópole, onde essa região colonial deve somente sustentar os "desenvolvidos" e ficar estática, retrógrada "até segunda ordem".
//O colonialismo interno será ampliado nesse blog, principalmente a região norte do Brasil//
Segunda tese: O progresso na América Latina se realizaria mediante a difusão de produtos do industrialismo nas zonas atrasadas, arcaicas e tradicionais
Esta tese difusionista encontra-se em muitos níveis. Alguns referem-se a uma cultura urbana – ou ocidental – que vai se estendendo paulatinamente pelo mundo e que absorve pouco a pouco os povos atrasados e primitivos. Outros falam do efeito da modernização como de uma mancha de óleo, que de um foco central ou ponto de partida vai abarcando extensões cada vez maiores. Outros ainda afirmam que todo o estímulo para a mudança em áreas rurais provém necessariamente das zonas urbanas.
A tese é contestada por não dar o devido valor ao pequeno produtor,
sem ele a região “retrógrada” estará fadada a estagnação e
principalmente ao êxodo rural (lembre-se dos diversos problemas que
traz o êxodo rural, começando pela falta de mão de obra para a
região mais atrasada, além dos diversos problemas de habitação e
etc…
Na realidade, a tese correta seria: o progresso das áreas modernas urbanas e industriais de América Latina se faz às custas das áreas atrasadas, arcaicas e tradicionais. Em outras palavras, a canalização de capital, matérias-primas, produtos alimentícios e mão de obra proveniente das zonas “atrasadas” permite o rápido desenvolvimento dos “polos de crescimento” e condena as zonas provedoras à maior estagnação e ao subdesenvolvimento
Como foi avisado, é o resumo do resumo de tudo que venha do autor, Voltamos ao colonialismo interno, é onde o autor se destaca.
Terceira tese: A existência de zonas rurais atrasadas, tradicionais e arcaicas é um obstáculo para a formação do mercado interno e para o desenvolvimento do capitalismo nacional e progressista
Não existe em nenhuma parte na América Latina um capitalismo nacional e progressista(...)Afirma-se, portanto, que o capitalismo nacional e progressista – localizado nos centros urbanos modernos e industriais – está interessado na reforma, no desenvolvimento das comunidades indígenas, na elevação dos salários mínimos no campo e em outros programas da mesma índole.
Isto significa que áreas como Lima, São Paulo, Santiago, a Cidade do México podem crescer economicamente por tempo indefinido sem que isso implique necessariamente em mudanças profundas de estrutura das áreas rurais atrasadas das “colônias internas”. Pelo contrário, o crescimento das áreas modernas é possível justamente por causa da atual estrutura social e econômica das áreas atrasadas
Por motivo de colonialismo interno essa tese beira o ridículo, a metrópole não quer deixar de ser metrópole. A quem interessa uma
reforma agrária? O operário continuará a ser operário, a produção
continuará igual! O mais lógico é manter a estrutura como está
para crescer as custas das regiões atrasadas.
Quarta tese: A burguesia nacional tem interesse em romper o poder e o domínio da oligarquia latifundiária
Outra tese sem pé nem cabeça, já que a burguesia nacional e a
oligarquia latifundiária tem um objeto em comum: manter a estrutura
colonial e desenvolver-se as custa dessa mesma estrutura.
Muitos capitais provenientes dos arcaicos latifúndios do nordeste do Brasil, por exemplo, são aplicados pelos seus donos em negócios lucrativos de São Paulo. No Peru, as grandes famílias de Lima, associadas economicamente aos capitais estrangeiros, são proprietárias dos principais latifúndios “feudais” da cordilheira andina
(...)A desaparição da aristocracia latifundiária na América Latina tem sido obra exclusiva dos movimentos populares, nunca da burguesia. Esta encontra na oligarquia latifundiária um bom aliado para manter o colonialismo interno, o qual, em última instância, beneficia por igual a essas duas classes sociais.
Exemplo simples: você já se perguntou o por quê de tantos políticos terem tantas fazendas? Quem nunca escutou histórias de “coronéis” com metade das terras de seu estado e etc…. (Geralmente) Esses mesmo políticos a usam para fins ilícitos, sendo mais específico: Lavagem de Dinheiro. Mudança para quê?
Quinta tese: O desenvolvimento na América Latina é criação e obra de uma classe média nacionalista, progressista, empreendedora e dinâmica, e o objetivo da política social e econômica de nossos governos deve ser o de estimular a “mobilidade social” e o desenvolvimento dessa classe.
Começando pelo começo, o que é a “classe média”? Inúmeras
visões foram abordadas no texto, chegou-se a lugar algum! Como
podemos chamá-la de “ nacionalista, progressista, empreendedora e
dinâmica” se ao menos a conhecemos? A tese por si só é
equivocada pela gritante “Paralaxe Cognitiva”.
O autor rejeita como classe média (lembre-se que ele NÃO FALA o que
é):
- Tipos de ocupação (trabalho)
- Classe dominante
- A população recrutada
- Principalmente nos estratos baixos e que cedo ou tarde ocupará totalmente o universo social, quando os extremos altos e baixos já não existirão
- Defensores do estamento burocrático
- Hábitos e consumos
Finalmente, a tese da classe média tende a obscurecer o fato de que na América Latina abundam as tensões, as oposições e os conflitos entre as classes e as etnias; de que o desenvolvimento social e econômico de nossos países depende.
Sexta tese: A integração nacional na América Latina é produto de mestiçagem
Aqui veremos o velhíssimo sonho de integração da “América
latina”(lembre-se que o Brasil não faz
não fazia parte) de bolívar, aplicado ao interno,
onde os regionalismos fossem atenuados e todos virassem “hermanos”,
ou seja: O orgulho de ser brasileiro seria mais forte que o de ser
riograndense ou sulista, por exemplo.
Nos países da América Indígena considera-se que a “ladinización” ou a “cholificación” constitui um processo globalizador, no qual desaparecerão as principais diferenças entre a minoria dominante “branca” ou “ocidental” e as massas camponeas indígenas.
O autor explica que por trás dessa tese há um teor racista, uma
nova tentativa de “branqueamento” de povos indígenas, além de
explicar que a verdadeira forma de integração nacional é
por meio do fim do colonialismo interno, já que em grande parte
dos casos os “burgueses” são justamente iguais aos
“oprimidos”(cultural e biologicamente)
Sexta tese: A integração nacional na América Latina é produto de
mestiçagem
Aqui veremos o velhíssimo sonho de integração da “América
latina”(lembre-se que o Brasil não faz
não fazia parte) de bolívar, aplicado ao interno,
onde os regionalismos fossem atenuados e todos virassem “hermanos”,
ou seja: O orgulho de ser Brasileiro seria mais forte que o de ser
riograndense ou sulista, por exemplo.
Nos países da América Indígena considera-se que a “ladinización”
ou a “cholificación” constitui um processo globalizador, no qual
desaparecerão as principais diferenças entre a minoria dominante
“branca” ou “ocidental” e as massas camponeas indígenas.
O autor explica que por trás dessa tese há um teor racista, uma
nova tentativa de “branqueamento” de povos indígenas, além de
explicar que a verdadeira forma de integração nacional é
por meio do fim do colonialismo interno, já que em grande parte
dos casos os “burgueses” são justamente iguais aos
“oprimidos”(cultural e biologicamente)
Sétima tese: O progresso na América Latina só se realizará mediante uma aliança entre os operários e os camponeses, aliança que impõe a identidade de interesses dessas duas classes
Afirma-se, com base em teorias desenvolvidas por Lênin e Mao, que o êxito da revolução socialista na América Latina depende de a classe operária e a classe camponesa fazerem uma frente comum à burguesia reacionária e ao imperialismo
O autor rebate essa tese com base no colonialismo interno, segundo
ele, por serem forças de trabalho diferente, estarem em lugares
diferentes e terem interesses diferentes. A ideia de unir-se para
conquistar algo em conjunto é praticamente utópica.
Colocando em exemplos: um maior investimento no campo possivelmente
tirará capital das partes urbanas e logo os a qualidade de vida do
operário diminuirá, a sonhada reforma agrária encareceria o custo
dos alimentos e etc... Ou seja, quanto maior o colonialismo interno
(lembre-se na tese número 6) menor é a integração entre o
camponês e o operário, logo para que essa tese não seja equivocada
tem de haver primeiro solucionado o problema do colonialismo interno
e a falta de integração nacional.
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